Beem Vindoos

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domingo, 20 de março de 2011

''Lula será lembrado como o presidente que acabou com os povos indígenas do Xingu''


 
Altamira (PR), Brasil, 14 de agosto de 2.010 - Os índios criaram uma nova visão sobre a própria vida, deixaram uma síndrome de autoflagelação e complexo de inferioridade e recuperaram o orgulho de pertencer àquele povo.”
O pensamento é do bispo de Altamira, no Xingu, Dom Erwin Kräutler, uma das principais vozes a favor dos povos indígenas na América Latina. Em entrevista concedida à IHU On-Line, concedida pessoalmente, ele falou sobre a reafirmação da identidade indígena. “Eles, que eram sempre pisados, ergueram a cabeça e reconheceram que são filhos dessa terra e ninguém pode tirar isso deles.”
O bispo de Altamira (Pará), nascido na Áustria, chegou ao Brasil na década de 1960 e logo abraçou a causa dos indígenas. Na última semana, ele esteve na Unisinos para um ciclo de palestras. Dom Erwin é presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
 
Confira a entrevista.
 
IHU On-Line – Como é a atuação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Brasil, atualmente?
 
Dom Erwin Kräutler – O Cimi foi fundado em 1972 por iniciativas de bispos que tinham povos indígenas em suas áreas eclesiásticas. Chegaram à conclusão de que a atividade pastoral junto a eles precisava ser assumida, ao invés de cada religioso fazer as coisas por sua conta. Temos de ter linhas, diretrizes e prioridades comuns. Naquela época, o Estado também tomou iniciativas, através do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que não agradava sempre à Igreja. Hoje, basicamente, o Cimi tem duas finalidades: uma delas é a presença real. Estamos no meio dos indígenas, no lugar onde acontece a história desse povo, através dos nossos missionários.
 
O segundo ponto é a sensibilização da sociedade brasileira, que tem uma vertente no aspecto internacional. Não estamos apenas nos restringindo à causa indígena dentro do Brasil, mas na América Latina e no mundo inteiro. Entendemos que os povos indígenas do Brasil são irmãos dos índios de toda a Terra, que têm os direitos garantidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Veiculamos informações para o mundo inteiro. Normalmente o contato é feito com a imprensa alternativa, embora, volta e meia, apareça algum fato relacionado aos povos indígenas na grande mídia.
 
IHU On-Line – E entre as prioridades do Cimi está a violência contra os índios...
 
Dom Erwin Kräutler – É o principal assunto. Estamos lutando contra a violência, mas é preciso perguntar o que há por trás dela. Não é como o caso de um cachaceiro que mata o outro em uma briga de bar. É na terra ou na falta dela que se fundamenta todo tipo de agressão contra os indígenas. São expulsos de suas terras, que acabam usurpadas. Quando falamos em violência, falamos de defesa dos direitos constitucionais, da terra, da cultura, da maneira de ser.
 
IHU On-Line – O senhor pode nos falar sobre o caso de um povo indígena recém-contatado que pode ser levado para uma localidade do Maranhão?
 
Dom Erwin Kräutler – Sobre esse caso específico não tenho nenhum detalhe no momento, o Brasil é muito grande. O Cimi é contra a transferência compulsória de um povo. Isso foi feito algumas vezes, inclusive durante a construção da Transamazônica, e, no geral, os integrantes acabam morrendo. São arrancados de seu habitat e não conseguem se adaptar. Faz parte da filosofia deles: “É a terra onde me criei, onde nasci, berço de nossos mitos e ritos, lugar dos nossos ancestrais.” E acabam morrendo, como os negros que viram escravizados da África, de uma saudade patológica.
 
Além disso, eles não têm imunidade contra nenhum surto de doença. Mas existem na Amazônia povos encontrados recentemente e outros com contato esporádico, dos quais não se sabe praticamente nada. Ainda é impossível dizer quais as principais características e como vivem. O fato é que, quando se faz uma descoberta dessas, é um “deus nos acuda” nos meios que estão querendo se apropriar daquelas terras e das riquezas naturais existentes ali. O índio se torna um obstáculo, um empecilho e tem de ser eliminado. Para esses gananciosos e ambiciosos, índio é bicho do mato e não possui direitos.
 
IHU On-Line – Como é a relação entre Cimi e Funai?
 
Dom Erwin Kräutler – É complicada. O Cimi tem sua visão, filosofia, diretrizes, teologia e plano pastoral. A Funai é o órgão executor do governo federal e não tem filosofia própria, mas sim aquela que o atual presidente adota. Se atrai ao governo salvar os índios, é isso que a Funai se esforça para fazer. Se, no fundo, os mandantes dizem “tomara que os índios desapareçam”, a Funai também não vai se preocupar muito. Foi sempre assim. No tempo dos militares prevalecia a “incorporação dos silvícolas à identidade nacional”. Depois veio a nova Constituição, mas ficou só no papel. Nós não exigimos nada mais que o que está na Constituição, que é a carta magna do país, essa é a nossa luta.
 
IHU On-Line – Às vésperas das eleições, quais as expectativas do Cimi quanto aos próximos anos? Algum candidato se mostra mais favorável às causas indígenas?
 
Dom Erwin Kräutler – Os candidatos que aparecem mais à frente nas pesquisas não darão passos significativos, porque índio não atrai votos. Nenhum traz o compromisso de abraçar as causas indígenas. Nossa luta vai continuar. Os minoritários, que aparecem atrás, cutucam e colocam esse tema em destaque. Mesmo que não ganhem, vão aproveitar o palanque.
 
IHU On-Line – Como o senhor vê a situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul?
 
Dom Erwin Kräutler – É terrível, a pior do Brasil. Foram expulsos, tiveram suas terras tomadas. Estão à beira da estrada ou em reservas tão diminutas que não há como sobreviver, estão encurralados. Instalou-se um pânico coletivo que chega ao ponto de os índios não quererem mais viver, apelando ao suicídio.
 
IHU On-Line – Essa prática tem crescido entre os indígenas?
 
Dom Erwin Kräutler – Não posso dizer que tem crescido, mas são muitos os casos, inclusive entre os jovens. Eles não têm perspectivas para sobreviver como povo.
 
IHU On-Line – E os índios gaúchos, como se encontram?
 
Dom Erwin Kräutler – O Rio Grande do Sul também tem seus problemas ligados às causas indígenas. Há gaúchos sensíveis, mas também aqueles que rezam a mesma cartilha de que índios são bugres, vagabundos, cachaceiros, mas nunca se perguntam: “o que aconteceu com esse povo?” De modo geral, tudo isso está relacionado à terra. Quando aqui se levanta questões a respeito da terra indígena, há muita contrariedade e hostilidade. Novamente dizem que os índios não precisam de tanto espaço, pois não produzem. A ideia do branco, da sociedade predominante, é que só tem direito de viver quem produz, o resto é supérfluo ou descartável. E os indígenas entram nessa categoria.
 
IHU On-Line – Ao mesmo tempo em que há todo sofrimento entre os índios, o senhor afirma que houve uma reafirmação da identidade indígena. Como ocorre isso?
 
Dom Erwin Kräutler – Em virtude dessa marginalização contra os povos indígenas, eles entranharam essa afirmação de que “são menos gente, uma categoria de pessoas que não têm direito a nada.” Entretanto, de repente, surgiu uma nova época em que eles caíram na real e se questionaram: “a final de contas, quem já estava aqui quando os outros chegaram? Quem tem cultura, uma língua e algo para contribuir para o mundo como um todo, inclusive, para o Brasil?” Criaram uma nova visão sobre a própria vida, deixaram uma síndrome de autoflagelação e complexo de inferioridade e recuperaram o orgulho de pertencer àquele povo. Os índios que eram sempre pisados ergueram a cabeça e reconheceram que são filhos dessa terra e ninguém pode tirar-lhes isso.
 
IHU On-Line – E nesse momento, o que o senhor tem a falar sobre Belo Monte?
 
Dom Erwin Kräutler – Se esse projeto for levado adiante, o Presidente Lula será lembrado como o presidente que acabou com os povos indígenas do Xingu. Não é verdade que está planejada apenas uma barragem, haverá outras. Todas as áreas indígenas do Xingu serão invadidas e os povos não vão sobreviver. Esse decreto é uma falácia. Quem deu o tiro de largada para essa monstruosidade será o responsável pela morte desses povos diante da história do Brasil e do mundo.

Fonte: IHU Online / CIMI

terça-feira, 15 de março de 2011

Fernando de Noronha- Ótimo destino Para suas Férias


Mergulho, caminhadas e visuais exuberantes são atrativos de Noronha

Arte UOL
O arquipélago de Fernando de Noronha fica a 445 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte, e a 545 quilômetros de Recife, capital de Pernambuco - de onde saem vôos diários para a ilha principal, que dá nome ao conjunto. 

Os mais de cem turistas que desembarcam diariamente no local dividem seus dias entre várias atividades: caminhadas, curtas ou longas; subida aos mirantes; banhos em praias de acesso fácil ou difícil; mergulhos com equipamentos; mergulho de reboque, em pranchas puxadas por lanchas; e passeios de barco, bugue ou a cavalo. Não custa programar as coisas com antecedência e reservar um bom tempo também para descansar no paraíso.

Quem escolhe um destino especial como este tem a chance de mergulhar em outras esferas do conhecimento, as da biologia e geologia, graças aos estímulos visuais e táteis que o ecossistema oferece. Ter a sorte de estar por lá quando os bebês de tartarugas deixam o ninho e se jogam no mar, sem colete salva-vidas, ajuda qualquer um a refazer os seus conceitos de coragem. 

A visão de centenas de golfinhos descansando, brincando e girando sobre o próprio eixo - vem daí o nome golfinho-rotador - é uma das lembranças mais alegres que alguém pode levar de uma viagem pelo litoral brasileiro e é comum em Noronha. Pesquisadores fazem plantão na Baía dos Golfinhosfornecendo binóculos e respostas para perguntas sobre o comportamento do mundo animal. Poucos lugares do mundo recompensam tão bem o esforço de madrugar e subir a montanha junto com o nascer do sol.

Arte UOL
Geografia

O arquipélago tem 21 ilhas. A maior delas e única habitada, a de Fernando de Noronha, tem um parque nacional marinho que toma 85% de seu território e é patrimônio natural da humanidade. Leis federais controlam os deslocamentos e cobram taxas diárias pela permanência de turistas entre os pouco mais de 2.000 habitantes, de forma a preservar estesantuário ecológico onde vivem mais de 250 espécies de peixes. 

Um exemplo do rigor: mergulhar na praia de Atalaia exige ingresso, determina os minutos e proíbe o uso de filtro solar, para a química não agredir a água cristalina e as criaturas marinhas. 

Fernando de Noronha é uma ilha do tipo oceânico, enquanto Ilhabela, em São Paulo, ou Itaparica, na Bahia, são ilhas costeiras, esparramadas sobre a plataforma da superfície continental, eventualmente ligadas ao continente no passado. As ilhas oceânicas são os cumes de grandes montanhas submarinas. Noronha nasceu de uma erupção vulcânica, longe da terra firme. Apesar do advento de modernidades como celulares, internet e ofurôs, quem passa dias ali ainda acalenta a sensação de estar perto da areia e das tartarugas, longe de tudo. Mesmo o trecho de asfalto é curto: 6,8 quilômetros.

Na ilha, quase todos os caminhos levam ao mar. Turistas sedentários se dispõem a caminhar por horas, subindo trechos íngremes e descendo por escadas perigosas para ter a melhor visão e conhecer as mais bonitas das praias: do Sancho, dos Porcos, do Leão, todas destacadas em rankings nacionais.

No mar está a lucrativa indústria do mergulho, diurna e noturna, a exibir todas as cores dos corais, arraias, tartarugas imensas e dóceis. No fundo daquelas águas azuis, até as lesmas são fotogênicas. 

História

Segundo os registros históricos, o primeiro a dizer a frase "o paraíso é aqui", espécie de slogan da ilha, foi o navegador Américo Vespúcio, numa expedição com seis naus portuguesas em agosto de 1503, data da descoberta de Fernando de Noronha. 

A região protegida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começou a surgir para o turismo de aventureiros no final dos anos 80, com a redemocratização do país. Nas décadas anteriores, abrigou um presídio político a partir de 1938 e foi território federal militar de 1942 até sua reintegração ao Estado de Pernambuco, em 1988, mesmo ano da criação do parque marinho. 

Quase 20 anos depois, os mochileiros se assustam com a escalada dos preços nas alturas do Morro Dois Irmãos, cartão-postal da ilha. Um passeio de barco de quatro horas custa o dobro de seu equivalente em Parati, por exemplo. Um curso rápido de mergulho requer o investimento de um pacote de sete noites em Recife, saindo de São Paulo, avião e hotel inclusos. Paga-se até para caminhar por algumas das trilhas, as que exigem guias. Pelo menos as sessões noturnas de vídeos e palestras no Centro de Visitantes ainda são gratuitas. Olhar para o céu também é grátis ali.

Quando visitar

Nas praias do Mar de Dentro (voltado para o continente), as ondas são mais calmas de abril a novembro e mais agitadas de dezembro a março, o que influi na programação de surfistas e mergulhadores. O período de chuvas vai de fevereiro a abril. 

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estados Unidos - Noraman, o cão que anda de Trontineta

Norman é um cão da raça Pastor de Brie, com 21 meses, que vive com os donos em Canton, no estado americano da Geórgia.
Pastor de Brie
Pastor de Brie
© Romarjo

Para além de outras habilidades, Norman faz uma que está a chamar a atenção de muitos utilizadores do You Tube: anda de trotineta! Segundo a dona, Karen Cobb, adora fazê-lo, e já tem uma trotineta só para si. O cão parece ter sido sempre um certo gosto por estes utilitários, já que em cachorro brincava com a trotineta do filho dos donos e agora, com a sua própria, anda sozinho, ganhando velocidade com uma pata traseira enquanto se equilibra com a outra, e agarrando-se com as duas patas dianteiras ao guiador, como se um humano se tratasse.

Este jovem cão tem sido ensinado pelos donos a fazer várias habilidades. Algumas delas já lhe valeram prémios, já foi estrela de um programa de televisão e até já fez um pequeno filme, onde persegue um ladrão na sua trotineta.
Entre outras coisas, Norman fecha a porta sempre que entra em casa e limpa o focinho a uma toalha sempre que bebe água. As habilidades de Norman já lhe valeram uma página do Facebook com mais de 500 fãs, mais de 250.000 visitas no You Tube e ainda uma presença no programa de televisão Late Show with David Letterman.

Assista a estes videos disponibilizados no You Tube sobre as habilidades do cão Norman




Glossário 


Trontineta: Trotineta (é)
(francês trotinette)
s. f.
Brinquedo de crianças que consiste numa tabuinha alongada montada sobre duas rodas colocadas uma à frente e outra atrás, sendo a da frente orientável por meio de um guiador.

domingo, 13 de março de 2011

Novaa Especíe na Amazonia


O falcão-críptico, <i>Micrastur mintoni</i>, foi descoberto em 2002. Presume-se que a população total desse falcão seja grande, dada sua ampla distribuição, mas no geral, pouco se sabe sobre essa nova espécie
O falcão-críptico, Micrastur mintoni, foi descoberto em 2002. Presume-se que a população total desse falcão seja grande, dada sua ampla distribuição, mas no geral, pouco se sabe sobre essa nova espécie - Luís Fábio Silveira/WWF
Austrália
Novas Espécies Descobertas





Dragão australiano
Dragão australiano
Foto original (1173x768)
Wallpaper | Postal
Rã de HylaTartarugaSapo preto
CrocodiloSerpentePiton-asiática
GavialJibóiaIguana verde
CamaleãoTartaruga de espinhosAnaconda-verde
Um grupo de investigadores australianos, pertencentes ao Museu do Território do Norte, descobriu, na zona do seu campo de acção, treze novas espécies de répteis e outros dez, que sendo já conhecidos nas ilhas da região, não estavam descritos como existindo na Austrália.

Neste caso, todos os animais descobertos são lagartos, e alguns só se podem encontrar, pelo menos que se saiba, em áreas muito reduzidas, como no caso de um dos lagartos agora descobertos, cuja existência parece estar limitada ao Monte Borradaile, em Arnhem Land.

O território australiano sempre foi muito fértil no aparecimento de novas espécies, principalmente de répteis, já que o tipo de ecossistema é muito favorável a estes animais. Neste caso, a surpresa maior prende-se com o facto de estes animais terem sobrevivido à invasão de sapos-cururu, que literalmente varreu todo o território do Norte Australiano. A explicação para este facto parece ser a forma comunitária como muitos destes animais vivem, alguns nos troncos das árvores, outros debaixo de muros ou afloramentos rochosos naturais, onde os sapos não conseguem chegar.

Balanço da busca global por anfíbios

Durante 5 meses a Conservação Internacional (CI) junto com o Grupo de Especialistas em Anfíbios da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN) procurou documentar o paradeiro e o status da sobrevivência das espécies de anfíbios ameaçadas de extinção, mas ainda com possibilidades de serem encontradas em alguns lugares remotos.

Conforme noticiado pelo OEco, o objetivo da expedição foi buscar cem espécies de anfíbios (entre sapos, salamandras, perereca e cecílias) que não eram vistos há pelo menos duas décadas. Depois de percorrer 21 países em 5 continentes e mobilizar 126 pesquisadores, a busca pelos sapos perdidos chega parcialmente ao fim, já que na Índia a iniciativa continuará até o fim do ano.

Foram reencontradas 15 espécies: 4 destas constavam na lista inicial e as outras 11 apesar de não estar na lista inicial também não eram vistas havia duas décadas. Três novas espécies ainda não documentadas foram encontradas na Colômbia. No Brasil, a rãzinha-das-pedras da Mata Atlântica Cycloramphus valae continua desaparecida, em compensação, após quase dez anos sem ser observado, o sapo Thoropi saxatilis foi reencontrado pela expedição brasileira.

Os números parecem modestos, mas servem como um aviso: os anfíbios são muito sensíveis aos desequilíbrios ambientais e seu desaparecimento é um alerta para a velocidade das mudanças, inclusive climáticas. 30% de espécies ameaçadas de extinção são anfíbios, o que os coloca no topo da lista como os vertebrados mais ameaçados do planeta.

Espécies redescobertas

No México: Salamandra de caverna Chiropterotriton mosaueri, vista pela última vez em 1941. ©Sean Rovit
Na Costa do Marfim: Rã marrom do Monte Nimba Hyperolius nimbae, vista pela última vez em 1967. ©Ngoran German Kouame
Na República Democrática do Congo: Rã marrom de Omaniundu Hyperolius sankuruensis vista pela última vez em 1979. ©Kos Kielsgat
No Equador: Sapo do rio Pescado (Atelopus balios) é considerado como criticamente ameaçado de extinção, segundo a Lista Vermelha da UICN. Foi visto pela última vez em abril de 1995. ©Eduardo Toral-Contreras
Licenciamento conjunto de blocos de petróleo está nos planos do governo (foto Agência Br)
 
 
 
O Governo Federal pretende mudar regra para concessão de licenciamento ambiental através da edição de diversos decretos visando a redução de custos e a aceleração de obras em portos, rodovias, hidrovias, linhas de transmissão e plataformas de petróleo.

O objetivo é reduzir custos, acelerar a concessão de licenças, flexibilizar normas e proporcionar maior segurança jurídica para os empreendedores.

Ocorre que as normas sobre licenciamento ambiental estão consubstanciadas em Resoluções do Conama. É lícito ao Poder Executivo Federal disciplinar a matéria por decreto presidencial, esvaziando as atribuições do Conama? A pretensão de se regulamentar por decreto o que hoje é disciplinado por resolução constitui uma antidemocrática centralização da Política Nacional do Meio Ambiente e reveste-se de flagrante ilegalidade.

A alegação de que algumas instituições demoram para apreciar licenciamentos aponta, para o risco de criação de “licenciamentos por decurso de prazo”, a exemplo dos decretos-lei da Ditadura Militar .
O art. 8º, inciso I, da Lei n. 6.938/81 dispõe que compete ao Conama “estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”. E seu inciso VII, de modo mais abrangente, atribui ao colegiado “estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos”. 

A alegação de que algumas instituições demoram para apreciar licenciamentos aponta, ademais, para o risco de criação de “licenciamentos por decurso de prazo”, a exemplo dos decretos-lei da Ditadura Militar – em flagrante ofensa ao princípio da precaução!

Enquanto o planeta ainda se recupera do trauma com o recente acidente em plataforma petrolífera da British Petroleum, no Brasil caminha-se em sentido oposto, com a idéia de se conceder licenças únicas, em blocos, para a exploração de petróleo em alto mar.

Também tenciona-se derrubar a Resolução Conama n. 1/86, que exige estudo de impacto ambiental e licenciamento prévio para duplicações de rodovias. Uma “licença corretiva” (sic), simples e rápida de se obter, abriria espaço para duplicação de pequenas vias de mão única, olvidando-se os deletérios efeitos de borda em estradas maiores.

Busca-se também reduzir a discricionariedade administrativa dos órgãos ambientais, que passarão a ter que lidar com regras padronizadas para a concessão de licenciamento, numa simplificação grosseira que desconsidera a variedade de nuances socioambientais no país.

Não são resoluções do Conama que obstam juridicamente o crescimento não sustentável. O que está em discussão é a observância da Constituição Federal – e, neste caso, não há que se questionar se decretos presidenciais têm o condão de revogar o art. 225 da Carta da República. Ou há?

*Guilherme José Purvin de Figueiredo é Professor de Direito Ambiental dos Cursos de Graduação da Universidade São Francisco e de Pós-Graduação da PUC-SP, PUC-Rio e Unianchieta. Doutor em Direito pela USP. Coordenador Internacional da Aprodab. Presidente do IBAP e Procurador do Estado/SP